26 de ago. de 2011

De grão em grão...

Resultados de novo estudo sobre Parkinson ajudam a compreender melhor os mecanismos da doença. Em sua coluna de agosto, Stevens Rehen comenta a pesquisa e as vantagens da técnica de reprogramação celular utilizada pelos autores.       
Procedimento para localização da proteína α-sinucleína mostrando coloração positiva (marrom) de um corpúsculo de Lewy na substância negra do cérebro
  A doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez em 1817, pelo médico inglês James Parkinson (1755-1824). Hoje, é a enfermidade neurodegenerativa com a segunda maior prevalência em indivíduos acima de 50 anos. Sem cura, acomete cerca de quatro milhões de pessoas em todo o mundo; no Brasil, há 250 mil pessoas com Parkinson.
Pacientes com a doença exibem lentidão de movimento (bradicinesia) associada a pelo menos um dos seguintes sintomas: rigidez, tremor de repouso ou instabilidade postural. Adicionalmente, desordem cognitiva, depressão e disfunção no sistema autônomo também podem se manifestar.
As principais características da doença são a morte de neurônios secretores de dopamina, residentes na substância negra do mesencéfalo e responsáveis por controlar a transmissão dos comandos vindos do córtex cerebral para os músculos do corpo, e o acúmulo anormal de aglomerados proteicos chamados corpúsculos de Lewy, no citoplasma dos neurônios sobreviventes.
A proteína predominante nesses corpúsculos chama-se α-sinucleína, que é codificada pelo gene SNCA, o primeiro associado à doença de Parkinson. Duplicações ou triplicações desse gene podem causar uma das formas familiares da doença. Além disso, variações no gene são consideradas o fator de risco genético mais significativo também para a forma esporádica da doença.
  O acúmulo da proteína α-sinucleína desempenha papel central na patogênese do Parkinson, entretanto, como esse acúmulo leva à morte de neurônios dopaminérgicos ainda é um mistério. A impossibilidade do estudo e da manipulação de neurônios vivos oriundos de pacientes doentes, aliada ao fato de a maioria dessas células já ter sido perdida quando a doença se manifesta clinicamente, dificulta ainda mais essa análise.
Modelos animais e linhagens celulares contribuem para o melhor entendimento da participação de α-sinucleína no desenvolvimento da doença de Parkinson. No entanto, esses modelos não replicam completamente as características moleculares e celulares da doença em seres humanos. Principalmente porque muitos deles se valem da superexpressão (mal controlada) dos genes de interesse (incluindo o SNCA), enquanto que na doença propriamente dita, uma alteração sutil de dosagem de determinados genes é o que mais importa.


Mais informações em :   http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/bioconexoes/de-grao-em-grao 

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