31 de out. de 2015

"Tecnologia e mobilidade são fundamentais para metrópoles", diz especialista


"O debate sobre uso inteligente das tecnologias integrado com mobilidade urbana para definirem cidades inteligentes no mundo é também desafio das metrópoles brasileiras, que para alcançar esse patamar precisarão além de infraestrutura e investimento, mais criatividade, mudança de hábito e sistemas de transportes facilitadores do dia a dia", disse à Agência Efe, o engenheiro Raul Colcher.

"Mobilidade urbana é um dos vetores mais importantes, especialmente nas grandes metrópoles, pois os deslocamentos das pessoas e das cargas é um problema muito sério no Brasil", destacou.

Segundo o membro sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), maior associação profissional mundial para o avanço da tecnologia, as pessoas levam cerca de 1h30 de deslocamento médio diário, "uma agressão à qualidade de vida".

Atualmente, o tempo médio para deslocamento em nove regiões metropolitanas no Brasil é de 82 minutos, que, convertidos em horas de trabalho, representariam cerca de R$ 300 bilhões/ano, ou 7,3% do PIB brasileiro, segundo o Instituto Akatu.

Para Colcher uma das alternativas para otimizar o funcionamento de uma cidade, por exemplo, é integrar tecnologias de informação e comunicação como Big Data, servidores virtuais, computação em nuvem para reduzir as necessidades de movimentação de pessoas no ambiente urbano.

Pensando nestes problemas diários, especialmente envolvendo sistemas de transporte, é que a entidade e Colcher debateram para estes desafios na Futurecom, que terminou nesta quinta-feira, em São Paulo.

De acordo com Colcher, as tecnologias de informação e comunicação, aplicativos e sistemas integrados são maneiras de melhorar "segurança, desempenho nos deslocamentos e diminuir investimentos massivos".

Para ele, a ciclovia é uma alternativa mundial, mas precisa ter um programa integrado para promover a ação e o hábito cultural de usar as bicicletas em curtas e médias distâncias, que pode ser apoiado com o uso de aplicativos para aluguel do meio de transporte.

"As cidades precisam se tornar mais amigáveis, com informações precisas sobre o transporte público, por exemplo, além da prioridade ser do pedestre", explicou.

De acordo com o engenheiro, as soluções de tecnologia de informação são relevantes, mas sozinhas não resolvem o problema e que em cada metrópole existem necessidades regionais que servirão para adaptação e criação de soluções próprias.

"Uma cidade inteligente é aquela que contribui para o bem estar dos cidadãos e que usam recursos de tecnologia para promover esse ambiente, de mobilidade urbana boa, sustentabilidade, recursos, se sintam bem em morar na cidade", reiterou à Efe.

A conectividade e o acesso à rede online no espaço urbano são "elementos essenciais" para disponibilizar informações de trânsito, além de conectar o usuário com centros de controle basilares para a gestão urbana, segundo Colcher.

Ferramentas que podem ajudar no quesito mobilidade estão associadas ao fenômeno da internet das coisas - quando objetos mais comuns podem estar conectados à internet e serem ferramentas de auxílio no dia a dia -, que representa uma transformação das experiências tradicionais do usuário-cidadão.

Colcher destaca o uso de visualização georreferenciada do tráfego urbano em tempo real para facilitar a decisão da pessoa de ir, trocar de caminho, além de tornar "mais eficiente o planejamento e gestão de recursos de infraestrutura, serviços, segurança pública, planejamento imobiliário e urbano em geral".

O engenheiro também citou aplicativos como o Waze, pelo qual os usuários colaboram e usam informações em tempo real sobre tráfego; equipamentos de sinalização em paradas de ônibus ou estações, e/ou apps para informar o tempo de espera até o próximo veículo, além dos sistemas inteligentes para a cobrança de passagens.

Ele acrescenta que há necessidade das cidades inteligentes serem adaptadas para portadores de necessidades físicas para incentivar o uso dos sistemas de transporte de maneira confortável.

De acordo com Colcher, o desafio é grande, mas as soluções de TI podem, ainda, oferecer oportunidades para redução de gasto de energia e dos impactos ambientais gerados pela emissão de poluentes e combustíveis, o que ajuda a melhorar a qualidade de vida dos moradores dessas "cidades do futuro".

Agência EFE

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