O radiotelescópio vai ser instalado a 200 quilômetros do Alma, assim poderemos obter imagens com maior resolução.
Em meio das encostas andinas, um novo telescópio está prestes a se instalar. Um novo binacional Llama (Large Latin American Millimeter Array), irá unir as forças de Brasil e Argentina para construir um radiotelescópio para explorar o universo a partir de radiações de alta frequência. O projeto foi debatido por dois dias consecutivos, na sede da FAPESP em São Paulo, durante o Workshop Llama.
No evento, encerrado nesta terça-feira (9/8), representantes da comunidade científica ligada à astronomia defenderam a construção do Long Latin American Millimeter Array (Llama). Durante o workshop, o professor Jacques Lépine, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), apresentou a palestra “Ciência e Tecnologia com o Llama”.
Segundo Lépine, o evento teve o objetivo de evidenciar que o projeto tem alta demanda na comunidade científica e que poderá trazer importantes resultados científicos em várias áreas da astronomia, além de aumentar a competitividade dos pesquisadores brasileiros e argentinos em relação à participação no projeto internacional Atacama Large Millimeter Array (Alma), que está sendo construído no Chile.
“O Alma é o maior projeto astronômico da atualidade, financiado pela União Europeia, Estados Unidos e Japão. A intenção é que o Llama fique a 200 quilômetros do Alma. Com isso, poderemos fazer interferometria entre os dois projetos – isto é, utilizá-los em rede a fim de obter maior resolução”, disse à Agência FAPESP.
O telescópio
O novo radiotelescópio será instalado na província de Salta, no noroeste argentino, a uma altitude de aproximadamente 4.700 m. Com uma antena de 12 m, ele vai operar em comprimentos de ondas milimétricas e submilimétricas, equivalentes a frequências entre 90 e 700 gigahertz (Ghz), e está previsto para começar a funcionar em 2017.
São poucos os radiotelescópios instalados a uma altitude tão extrema, o que é fundamental para a qualidade das observações, já que a radioastronomia de altas frequências trabalha com ondas de comprimento muito pequeno, absorvidas pelo vapor d’água da atmosfera – portanto, quanto maior a altitude da antena, melhor a qualidade de sua captação.
O equipamento permitirá a exploração de um leque da astronomia, investigando desde a formação de moléculas, à exoplanetas e formação das galáxias.
“Poderemos estudar, por exemplo, o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea ou a composição da atmosfera de exoplanetas”, prevê Jacques Lépine.
“Também será possível analisar a composição de galáxias distantes ou a formação de estrelas, difícil de observar na faixa eletromagnética visível devido ao gás e à poeira.”
Caso o projeto Llama seja aprovado, o lado brasileiro deverá financiar a construção da antena, enquanto o lado argentino deverá providenciar o local e fornecer a infraestrutura, incluindo a construção de estradas, telecomunicações e pequenos prédios.
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