O diretor-geral do Pnuma (programa ambiental da ONU), Achim Steiner, em tese o mais prejudicado por decisões tomadas na Rio+20, defendeu com veemência o documento final da conferência e rebateu as críticas feitas por ONGs, em especial as ambientalistas.
"O documento é rico em iniciativas. As pessoas esperam que uma cúpula venha com resultados finais, mas, como sempre na ONU, vamos em passos progressivos", disse Steiner em coletiva no início da tarde desta sexta-feira.
Ele afirmou que as ONGs estão no seu papel de fazer críticas, mas não estarão sendo realistas se ignorarem que quem toma decisões nas Nações Unidas não são elas, mas sim Estados que têm soberania.
Cobrado sobre o fato de o documento não ter estabelecido desde já novas metas claras na área ambiental, Steiner lembrou que a conferência não é sobre ambiente, mas sobre desenvolvimento sustentável, que tem também os pilares social e econômico. "Quem tentar proteger o ambiente contra as forças sociais e econômicas vai ficar parado", advertiu.
Apesar de a Rio+20 não ter transformado o Pnuma numa agência independente, como queriam ambientalistas, europeus e africanos (a sede do programa é no Quênia), Steiner disse que ficou satisfeito com a decisão tomada de fortalecer e elevar o patamar de importância do programa.
Lembrou que todos os países terão participação obrigatória no órgão -hoje são apenas 52- e que terá uma fonte maior e firme de financiamento, vinda diretamente do orçamento da ONU. Atualmente, 96% do orçamento do Pnuma depende de doações.
O diretor-geral também destacou a adoção, por todos os países, do Quadro de Programas de 10 anos para a mudança dos atuais padrões de produção e consumo. Nesse sentido, ele cobrou mais "responsabilidade" dos países ricos, que têm mais recursos e mais tecnologia.
"O desenvolvimento sustentável depende de os países desenvolvidos separarem o crescimento do aumento do consumo, e dos países em desenvolvimento crescerem 'esverdeando' suas economias."
Steiner afirmou que a economia verde -conceito que provocou polêmica na Rio+20- não se baseia numa definição teórica, mas em experiências que já estão sendo implementadas em diferentes países.
Citou o investimento recorde da China em energia renovável, a redução do desmatamento no Brasil e o programa implementado no ano passado no Irã para a retirada dos subsídios à gasolina -o aumento dos preços foi acompanhado por uma transferência em dinheiro para todos os iranianos.
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